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A relação da asma com a doença COVID-19


Hoje vamos conversar sobre uma doença que atinge cerca de 30.000.00 de pessoas em todo mundo. Dois motivos me levaram a escolher esse assunto. O primeiro, trata-se deste momento onde observamos a existência de uma nova doença, a CoVid-19, que pode acometer o pulmão, assim como a asma também acomete o pulmão e bem porque estamos em um período denominado” O mês mundial do controle da asma”, o que é uma preocupação de todas as Sociedades médicas, como da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia e da Sociedade Brasileira de Imunologia. Nós, o Serviço de Imunologia e Alergia Clínica e Experimental da Santa Casa do Rio de Janeiro e a IMUNODERM Clínica, não poderíamos nos ausentar de tentar explicar melhor para vocês sobre essa doença asma e sua relação com a CoVid-19.

A asma é uma doença inflamatória crônica, não é uma doença infecciosa. Possui um componente genético que dá a ela características específicas. O pulmão com asma, na criança, no adulto ou no idoso está cronicamente inflamado. Se o indivíduo com asma não estiver realizando o tratamento adequado, mesmo que não haja sintomas como falta de ar – dispneia – e chiado, pode estar cronicamente inflamado. São células do seu sangue que migram para o pulmão e induzem o processo inflamatório pulmonar. A relação da asma e a CoVid-19 conversaremos, com objetivo de esclarecer e lhe acalmar, se você for um paciente asmático, nessa situação de pandemias viral. Antes de tudo devemos clarificar as informações sobre a sua doença, como você pode conversar com seu médico assistente.

A asma pode se apresentar de várias maneiras, pode ser uma asma leve, uma asma moderada, uma asma grave e/ou uma asma de difícil controle. Pode ser uma asma alérgica e não alérgica. Você pode, então, conversar com seu médico: qual é meu tipo de asma? Como chamamos isso, o fenótipo de sua asma. Se há uma asma alérgica, será feito o diagnóstico a qual substância que você ao inspirar induzirá, por mecanismo alérgico, os sintomas de dispneia ou sibilos. A grande importância de sabermos qual o fenótipo da asma, é que indicará o tipo ou tipos e a frequência de uso das medicações para cada fenótipo.

Outra condição que há necessidade de saber, que você pode perguntar para seu médico, é o tipo de célula que está causando a inflamação no seu pulmão. Essas células inflamatórias possuem origem no sangue e se direcionam ao pulão asmático. Quais são os tipos de células? Há asma com poucas células, asma com eosinófilos, com neutrófilos, com infiltrado misto, eosinófilo-neutrófilo. Existem exames que podem determinar esse infiltrado pulmonar, o teste do escarro induzido, porém mesmo um simples hemograma pode identificar. Essa condição celular norteia também o tipo específico de tratamento. O tipo de célula inflamatória no pulmão do asmático, associado à outras características, é denominado endotipo. Então, a asma possui um fenótipo, um endotipo, uma intensidade e a uma condição de alérgica ou não alérgica. Isso é importante sabermos, pois indicará e diferenciará seu tratamento. A medicina personalizada.

Qual a relação da asma com o CoVid-19, independente se é asma alérgica ou não, ou do tipo celular? Sabemos que, o Coronavirus-beta, doença SARS-COV-2 (CoVid-19), necessita, após a infecção do nosso organismo entrar na célula e para tanto, utiliza como receptor uma proteína, que existe normalmente na superfície celular, denominada ACE2, então após a entrada se replicará no interior celular. É interessante que existem trabalhos científicos, com revisão profissional, que demonstram que crianças até cerca de 10 anos possuem menor quantidade de receptores ACE2 nos pulmões, então por isso a CoVid-19 seria menos intensa nessas crianças ou mesmo, após a infecção, não haveria sintomas.

Outros trabalhos científicos relacionam, também, o estado asmático alérgico com menor quantidade desse receptor ACE2, o que daria uma condição especial aos pacientes com asma alérgica com relação a CoVid-19. A informação primordial que posso deixar para vocês é a seguinte. Se você não está fazendo o controle da sua asma, deve iniciar imediatamente, com o seu médico assistente, ou se já está fazendo uso das medicações, não deve interrompê-las. Você não deve para de utilizar o corticosteróide inalatório, que você usa aspirando 1/ 2 vezes ao dia. Não deve parar o uso do brocodilatador que você faz, aspirando, 1/2 vezes ao dia ou na conduta que chamamos de resgate, que você utiliza quando apresenta falta de ar ou sibilos. Também, se está em uso de corticoide oral, com objetivo de tratamento de uma asma de difícil controle, assim como utilizando imunobiológicos, você não deve interromper essas medicações. Quanto melhor você estiver controlado da sua asma menor serão as complicações que a CoVid-19 poderá causar. O asmático bem controlado possui uma relação com a doença Covid-19 semelhante aos outros indivíduos.

Outras importantes mensagens. Se você é um paciente com asma alérgica, já deve ter realizado testes para identificação dos alérgenos desencadeadores da sua asma, portanto, deve permanecer realizando o controle do ambiente. No caso de uso da imunoterapia alérgeno específica deve continuar utilizando essa – vacina de alergia -. Nosso objetivo foi orientar e esclarecer a todos, principalmente o paciente asmático neste período de exceção de saúde pública.


Por: Luiz Werber-Bandeira, médico, PhD. Chefe de Serviço de Imunologia e Alergia Clínica e Experimental -Santa Casa do Rio de Janeiro. Diretor Técnico da IMUNODERM Clínica – Botafogo – RJ. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/4752319114108958

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