A igualdade de gênero é um princípio fundamental dos direitos humanos que nem sempre tem sido respeitado nas políticas de desenvolvimento urbano.
As mulheres desempenham trabalhos não remunerados (doméstico e de cuidados) três vezes mais do que os homens os fazem. Devido a esse papel, as mulheres estão em maior contato físico com a água contaminada e com dejetos humanos quando a infraestrutura de saneamento é inadequada.
Essa desigualdade piora também a falta de condições materiais e sanitárias para a realização da higiene pessoal da mulher, agravado pela falta de condições de acesso a métodos apropriados de recolhimento. Nomeadamente mulheres do Nordeste e de zonas rurais carregam baldes de água na cabeça por longas distâncias para levar água à família, expondo-se a risco elevado de violência de gênero no caminho.
Em situações humanitárias, inclusive em tempos de conflito ou desastres naturais, quando as condições de acesso à água e ao esgotamento sanitário chegam a seu mínimo, as necessidades específicas de mulheres e meninas são frequentemente desconsideradas.
Mulheres e meninas refugiadas são vulneráveis à violência e falta de serviços que deveriam atender às suas necessidades, como instalações sanitárias e de banho com privacidade.
Muitas mulheres deixam de comer e beber para evitar ir ao banheiro, onde se sentem inseguras. As mulheres grávidas, em particular, podem estar em maior risco de doenças transmitidas pela água a partir da ingestão de água contaminada.
Mulheres e meninas com deficiências estão sujeitas a mais riscos de contaminação quando as instalações sanitárias não oferecem o espaço e os materiais de que necessitam.
A falta de saneamento básico é responsável por altas taxas de mortalidade materna e neonatal.
Muitas instalações públicas têm um número inapropriado de sanitários para mulheres e meninas, pois geralmente elas gastam mais tempo, sobretudo ajudando as crianças a usarem o banheiro. O saneamento interfere nas chances de progressão para o ensino superior e na qualificação das jovens que recém ingressaram no mercado de trabalho, significando perda de produtividade e de remuneração do trabalho.
Cerca de 18 milhões de brasileiras sairiam da pobreza se tivessem água e esgoto tratados. E 13,5 bilhões seriam injetados na economia brasileira com o acesso das mulheres ao saneamento.
Texto extraído da palestra ministrada no Rotary Club do Rio de Janeiro em 03 de agosto de 2022
Por FABÍOLA VIANNA MORAIS | CONSULTORIA CÍVEL Dir. 2022/2023 da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão
Rotary Club do Rio de Janeiro - D4571
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